Fox Mulder e Dana Scully retornam a parceria que fez sucesso nos anos 1990
Há quase 14 anos longe das telinhas, a verdade (que está lá fora) é que desde a quinta temporada, exibida em 1997, o seriado do norte-americano Chris Carter ficou debilitado.
Marco da televisão americana, com alta popularidade na metade da década de 90, novos lucros começaram a ser idealizados e estes desembocaram em um desejo antigo de Carter e também no determinante para o declínio da série: um filme.
O primeiro longa-metragem foi filmado durante o hiato entre o quarto e quinto ano da franquia, concentrando as atenções e deixando a trama da série desfalcada.
Em 1998, com Arquivo X - Resista ao Futuro nos telões, o que os fãs encontraram foi uma história ambígua, pensada para arrematar o público em geral e não só quem acompanhava o seriado. Dali por diante, o clássico cult perdia o seu brilho a olhos vistos. Na 8ª temporada uma facada fatal devastou até os mais otimistas quanto ao futuro da saga: o protagonista David Duchovny, que imortalizou o crédulo agente do FBI Fox Mulder, começou a se distanciar da série e abandonar o barco. À essa altura, a Fox tinha lucros estratosféricos e Duchovny demonstrava cansaço e insatisfação. Gillian Anderson, sua parceira em cena, que dava vida à cética agente Dana Scully, mantinha-se firme e forte, mas o barco já estava praticamente afundado. Sem conseguir se desvencilhar do personagem, o astro precisou voltar para as temporadas finais. Em 2008 os fãs viram a dupla pela última vez em mais uma tentativa frustrada, o segundo longa, Eu Quero Acreditar.
"Depois da sequência de erros, tenho medo que eles percam a mão de novo e, pior, se prolonguem. Mas, no fundo, tenho fé que traga de volta a essência do seriado", comenta o estudante Amauri Domingos, de 21 anos.
Com apenas seis episódios e uma hora de duração cada, a nova temporada, chega em formato menor do que o habitual (algumas passavam de 24 capítulos) e alguns até a encaram como uma minissérie. No Brasil, ela chega um dia depois do lançamento nos EUA, com episódio duplo, a 0h. Em entrevista, Duchovny garantiu que os marinheiros de primeira viagem não precisam assistir às temporadas anteriores para entender a história.
A TRAMA
Na série, Fox Mulder e Dana Scully são investigadores de casos não solucionados envolvendo fenômenos paranormais ou arquivos x. Mulder crê que sua irmã foi abduzida, enquanto Scully é uma médica cética, elegida para fazer análises científicas das descobertas do agente. No começo, os dois tornam-se alvo de uma trama conspiratória - que os produtores chamam de "mitologia" - e passam a confiar apenas um no outro. Nesta nova temporada eles se reencontram para resolver um novo enigma.
“Arquivo X” (“The X Files”) não é uma série de televisão. É um fenômeno
cultural que começou em setembro de 1993 e, agora já no século
seguinte, está mais vivo que nunca. A série, que ganhou 16 prêmios Emmy e
cinco Globos de Ouro, entre outros, volta na próxima segunda-feira, dia
25, com uma décima temporada de seis episódios. A Fox brasileira vai
exibir o primeiro à 0h, poucas horas depois de ir ao ar nos Estados
Unidos.
“Arquivo X” não tem fãs, tem fanáticos, que seguem o evangelho de Fox
Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), baseado em
slogans como “A verdade está lá fora”, “Não confie em ninguém” e “Eu
quero acreditar”. O Arquivo X é uma espécie de unidade do FBI dedicada
ao desconhecido, a casos que o FBI deixou de lado ou não conseguiu
resolver. Mulder começou a se interessar por esses fatos inexplicáveis
porque acreditava que sua irmã mais nova tivesse sido abduzida por
aliens.
Ele, que chega a ser considerado o mais brilhante investigador da
unidade de crimes violentos, vai aos poucos deixando de lado a
promissora carreira para se embrenhar nesse mundo de ETs, monstros e
teorias da conspiração, onde nada é o que parece. A agente Scully,
médica por formação e mais nova que ele, é designada para ser sua
parceira com o único objetivo de desacreditar suas investigações
malucas. Mas o tiro sai pela culatra. Ela passa a acreditar não só na
existência de vida extraterrestre, como no fato de que há uma
conspiração do governo para esconder isso da população.
Mulder é o crédulo, Scully é a cética, mas no fim são só dois lados da
mesma moeda. Eles passam os nove anos da série alimentando um
relacionamento platônico, que o público nunca vê de fato, apesar de a
trama revelar até que eles tiveram um filho juntos. No segundo filme
derivado do programa, para delírio dos “shippers” – aquelas pessoas que
torcem para que um casal fictício fique junto –, eles finalmente
aparecem como um casal.
A força dos fãs. “‘Arquivo
X’ está realmente de volta por causa dos fãs”, diz o criador,
roteirista e diretor da série, Chris Carter, em um dos vídeos
promocionais que a Fox está exibindo como aquecimento para esta
minitemporada de seis episódios. A vida de fã hoje está bem mais fácil
do que quando a série acabou, em maio de 2002. Na internet, eles têm
fóruns, grupos de discussão/adoração e enciclopédias colaborativas nas
quais listam os pequenos detalhes e discutem até hoje possíveis soluções
para os mistérios apresentados pela série. Sabem de cor os nomes e a
ordem dos mais de 200 episódios, lembram com carinho de todos os
personagens, até dos piores vilões, como o Canceroso.
“Posso imaginar como é para um fã”, diz a estrela Gillian Anderson.
“Você vê aqueles rostos familiares, os feixes de luz na escuridão, e
ouve aquela trilha sonora...”. O coração pula. É esse momento de emoção
que Lidiane Montenegro, 37, mal se segura para viver de novo. “Vi pela
primeira vez o final do episódio ‘A Paciente X’, em 1998. Era a quinta
temporada. Endoidei para recuperar o tempo perdido. Imagina meu
desespero: ainda não tínhamos a facilidade da internet consolidada e nem
os boxes de DVDs disponíveis. Ficava de olho na Fox à procura de
horários alternativos e maratonas”, conta. “Quero muito ver Mulder e
Scully discordando, mas solucionando brilhantemente os casos. Vou matar a
saudade”.
“Eu sempre gostei muito dos episódios ligados às mitologias e às
conspirações, que são os meus preferidos, pois sempre deixavam inúmeras
questões para serem respondidas por nós, os fãs”, declara o professor
Marcos Doniseti Vicente, 50. “Além disso, a série sempre teve excelentes
vilões: Canceroso, que é o meu personagem preferido, Krycek, Eugene
Tooms, Robert Modell (o Instigador) são alguns dos ótimos vilões que a
série produziu”, lista. Dá para entender direitinho porque o “dono” da
série diz que ela só está de volta por causa dos fãs.
Vocabulário
O que são eXcers? É como se
autodenominam os fãs brasileiros de “Arquivo X”. O termo foi criado a
partir de trekker, que são fãs de “Jornada nas Estrelas”. A ideia de
eXcer, aparentemente, veio de Aldo Novak, fundador de fã-clubes de
“Jornada nas Estrelas” e de “Arquivo X” no Brasil.
Envelhecimento e nova ordem mundial afetam personagens
A dupla dinâmica Mulder e Scully estará de volta ao “Arquivo X”, mas
nada será como antes. Para começar, os personagens estão mais velhos,
têm que lidar com a idade e com as escolhas que fizeram na vida. E, se
eles mudaram, o mundo mudou muito mais. Nesses anos pós 11 de Setembro,
muitas das coisas de que Mulder desconfiava se tornaram reais. Nossos
telefones são rastreados, temos drones sobre nossas cabeças e satélites
que enxergam até quando você vai ao banheiro.
Mas o padrão X de qualidade está garantido. A fotografia e a iluminação, ou a falta dela, que são marca registrada, estarão de novo a serviço da sustentação da história, e a música é tão marcante quanto os personagens. “A trilha sonora de Mark Snow é tão importante para a série quanto a dupla de protagonistas”, diz o fã Marcos Doniseti Vicente.
O que esperar. O primeiro e o último episódios serão dedicados à mitologia da série. “Os do meio serão isolados, qualquer coisa que eu, James (Wong) e Darin (Morgan) inventarmos”, disse o escritor, produtor e diretor Glenn Morgan.
Os heróis continuarão enfrentando monstros e aliens que, de um jeito ou de outro, parecem realistas. Pelo que já foi mostrado, a nova fase terá muito dublê, muita morte, muita ação. “Quando vejo o piloto, me lembro do trabalho duro, todos os erros, as noites na floresta, a tempestade, o frio congelante... Aquele piloto foi um milagre”, diz o criador da série, Chris Carter. Aposto todas as minhas fichas que esse milagre vai se repetir de novo, 22 anos depois.
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